“Paisagem nº 4”, poema de Mário de Andrade

Avenida São João (SP), na década de 1920.

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Conheça um pouco mais de Mário de Andrade!

“Paisagem nº 4” é um poema que compõe a obra Pauliceia Desvairada. No prefácio da nossa edição de Os contos de Belazarte, a pesquisadora Angela Teodoro Grillo faz referência a ele. Por isso, separamos ele aqui pra você apreciar.

Você gosta? Deixa um comentário aqui embaixo pra gente saber!

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Paisagem nº 4

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Os caminhões rodando, as carroças rodando,

Rápidas as ruas se desenrolando,

Rumor surdo e rouco, estrépitos, estalidos…

E o largo coro de ouro das sacas de café!…

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Na confluência o grito inglês da São Paulo Railway…

Mas as ventaneiras da desilusão! a baixa do café!…

As quebras, as ameaças, as audácias superfinas!…

Fogem os fazendeiros para o lar!… Cincinato Braga!…

Muito ao longe o Brasil com seus braços cruzados…

Oh! as indiferenças maternais!…

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Os caminhões rodando, as carroças rodando,

Rápidas as ruas se desenrolando,

Rumor surdo e rouco, estrépitos, estalidos…

E o largo coro de ouro das sacas de café!…

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Lutar!

A vitória de todos os sozinhos!…

As bandeiras e os clarins nos armazéns abarrotados…

Hostilizar!… Mas as ventaneiras dos largos cruzados!…

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E a coroação com os próprios dedos!

Mutismos presidenciais, para trás!

Ponhamos os (Vitória!) colares de presas inimigas!

Enguirlandemô-nos de café-cereja!

Taratá! e o pean de escárnio para o mundo!

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Oh! este orgulho máximo de ser paulistamente!!!


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